Olá, meus queridos! Tudo em paz?
Tudo pronto para as festas de final de ano? Listinha de presentes em dia? Se não está… corra! Afinal, como diziam naquela propagandada Coca-Cola… “O Natal vem vindo! Vem vindo o Natal!”
É… a vida não para! A vida caminha a passos largos eapressados. O mundo tem girado muito rápido; muitas coisas mudando, evoluindo, se modernizando, muitos pensamentos diferentes pulando de cabeça em cabeça, inúmeras facilidades no cotidiano. Aliás, são tantas facilidades e mordomias à nossa disposição que me faz pensar como a humanidade vivia sem essas coisas, anos atrás?!
Sou pré celular! Quando saía de casa, estava na rua e precisava falar com alguém de casa, procurava por um orelhão! De ficha!!rsrs Já parou pra pensar como seria sua vida, hoje, sem celular? Aliás, sem Smartphone?! Está tudo na palma da mão! Pesquisas de trabalhos escolares eram feitas na biblioteca pública, em meio à prateleiras abarrotadas de livros cheirando um pouco a um misto de mofo e papel velho. Hoje basta digitar poucas palavras (na “palma da mão”) e… pimba! Tá tudo ali!
Hoje, no trânsito, cruzo com Vans que vem e que vão, seguem e param a todo momento com alunos embarcando e desembarcando. Uma comodidade para os pais atribulados. Andei muuuuito à pé pra ir à escola, andei muuuito de ônibus pra ir pra faculdade… Quer saber? Sinto saudades dessas coisas! Mas é um saudosismo diferente do que possa pensar! Não é uma saudade retrograda! Penso nos benefícios que todas essas, hoje, chamadas “limitações” me trouxeram! Graças a essas dificuldades, aprendi a me virar desde cedo! Essa biblioteca que me referia para fazer os trabalhos, fica no centro da cidade, uns 15 quilômetros de onde eu morava. Com 10, 11 anos ia pra lá resolver meus trabalhos da escola. E adivinhe como ia pra lá?! “Busão”! SOZINHO! Às vezes, com um colega de sala. Pra ir aos treino da modalidade esportiva que fazia, dos 10 aos 15 anos, ia de ônibus… sozinho! Parece besteira, parece piegas, mas essas coisas me deram traquejo para enfrentar e solucionar, “tirar de letra” muitas dificuldades que aparecem no meu dia a dia!
Dia desses estava no supermercado. Estava eu escolhendo umas verduras e frutas e, logo ao lado da banca em que eu estava, uma senhora e um menino. Ele aparentava ter uns 10 ou 11 anos. Eles escolhiam uvas. O rapazinho queria uvas “Itália”! A senhora, provavelmente a mãe do garoto, parou uma funcionária do setor e perguntou: “Essas uvas tem caroço?”, a funcionária disse que sim e a mulher continuou: “Qual delas não tem caroço?”. Sem saber exatamente qual variedade não tinha o bendito caroço, a moça tentou argumentar dizendo que a maioria das uvas tinha caroço, mas que estavam muito doces. Então a compradora vira e diz: “é que ele (o menino) está me enchendo que quer essas uvinhas, mas só come uvas sem caroço! Sabe me dizer qual delas, realmente, não tem caroço?”.
Ouvindo a conversa, olhei para a mãe… olhei para o menino… me vi com aquela idade, pegando ônibus sozinho, me virando… me lembrei das raras vezes que ia ao supermercado com minha mãe (exaustivamente recomendado a não pedir nada!rs), ela pegando as coisas que queria, sem chances de pedirmos nada. A escolha de alguma guloseima era feita, por ela, e pelo preço. Não importava se era o meu favorito!!rsrs Não tinha reclamação. Era aquilo ou nada!
Depois desse “flashback”, vendo aquela mãe buscando “uvas sem caroço” para o garoto; como um soco, me veio uma pergunta: o que está acontecendo com esse mundão?! Claro que todos temos direito à escolha: nos locomover de carro ou transporte público; ir à biblioteca ou fazer uma pesquisar e ler um livro pelo Smartphone; escolher uvas com ou sem caroço. Não utilizo mais transporte público; quando preciso de alguma informação ou dado busco na internet… claro! Mas o cerne da questão não é o que temos à nossa disposição, mas como essas coisas tem afetado nossa vida! Quando ia ao supermercado com minha mãe, jamais passou pela minha cabeça que, anos mais tarde, haveria a possibilidade de vê-la escolher uvas sem caroço! Se já existia essa variedade, eu nunca soube. Nunca me importei! Pra mim, uvas eram uvas! O sabor era o mesmo. Nunca deixei de comer uvas porque elas tinham os benditos caroços! Bastava tirá-los. Pronto! Óbvio que só sentiria um gosto diferente se mordesse a semente. Mas isso nunca acontecia, porque eu as cuspia! Jogava fora! Só aproveitava a parte suculenta, a parte boa. Hoje vejo quantas pessoas deixam de aproveitar as coisas boas da vida porque não são capazes de tirar os “caroços” que mudam o sabor dos prazeres, se confrontados. Muitas pessoas que esperam tudo pronto. Não tem paciência, nem coragem para “descascar os abacaxis” que o dia a dia os impõe. Comodidade vicia?! Facilidade incapacita?! Uma pergunta retórica, porém, preocupante. Que tipo de pessoas estamos nos tornando? Como temos encarado nossas limitações e adversidades? E o pior: como esse enfrentamento tem nos afetado?! A vida é cheia de caroços!
Eu não sei se a mãe do garotinho do supermercado encontrou uvas sem caroço! Não sei se ele comeu uvas aquele dia. Sei que se ela não o ensinar, ou ele, mesmo, tiver a iniciativa, ter coragem de tirar os caroços das uvas que quer, toda vez que tiver vontade de comer uvas, terá que andar muito mais, de mercado em mercado, procurando uvas sem caroço. Ou… pode ser que fique só na vontade!
Tenha uma semana de muita paz, muita superação, muitas conquistas saborosas! Se aparecerem uvas sem caroço: aproveite! Mas se elas tiverem alguma semente, jogue as sementes fora e aproveite mais ainda, sabendo que precisaria muito mais que uma simples semente para te impedir de saborear o que gosta.
Grande abraço!
COMENTÁRIOS SOBRE ESTE POST
DanielaAuthor
Amei. Parabéns meu amigo
Marcos ZanuttoAuthor
Obrigado, Daniela!